segunda-feira, 15 de agosto de 2011

QUAL DEVE SER O PAPEL DA ESCOLA AFINAL?


Semana passada, refletindo sobre as transformações praticamente radicais pelas quais a humanidade vem sofrendo, me questionei inúmeras vezes sobre a educação e alguns dos aspectos que atuam diretamente no processo educativo de cada indivíduo e, diante do cenário que temos hoje, lamentei profundamente a ausência de compromisso que percebo por parte da família e da escola com a formação das crianças e dos jovens no que diz respeito a princípios e valores. Infelizmente, percebemos com cada vez mais clareza que grande parte dos pais agem de forma excessivamente tolerante com seus filhos e, em muitas ocasiões, costumam fingir que nada ocorreu ou permitem demais em função do sentimento de culpa que carregam por não acompanharem a vida de seus filhos como deveriam. Aproveitando essa realidade que se apresenta na maioria das famílias, a escola passou a ser portadora da crença de que zelar pela construção de valores e princípios éticos é papel que cabe apenas à instituição familiar, não assumindo como sua, a responsabilidade de ensinar os alunos a regularem sua conduta, apesar de saber que esta não pode ser considerada tarefa só da família, até porque uma série de situações que ocorrem na escola não acontecem em casa, e vice-versa. Sobretudo, não podemos desconsiderar a dinâmica da vida social que tem gerado consequências gravíssimas. O ato de reproduzir diariamente a visão de mundo que os sistemas refletem nos remete a cometer o pecado de contribuir de modo inevitável para o aumento do vácuo de valores que se originou de modelos do passado que entraram em desuso e, porque não dizer, em decadência ou mesmo extinção. Estamos em uma verdadeira crise e, diante disso, qual é a referência que proporcionará a base sólida e segura sobre a qual os indivíduos poderão estruturar sua vida gradualmente? Se antigamente a adolescência se resumia a um curto período de tempo compreendido entre a infância e a fase adulta, hoje podemos dizer que ela se resume em que? Como podemos transmitir aos jovens valores e modelos educacionais que irão pautar sua caminhada em direção à vida adulta de cidadãos éticos e responsáveis, se todas as referências são tidas como ultrapassadas? Analisando como as coisas eram e como as coisas estão, além do que ouço quase que diariamente no que se refere a novas tendências educacionais, eu me pergunto: É possível criticar, absolutamente, um modelo ideológico mais rígido e menos democrático? Tudo indica que sim ou nos conduz a pensar dessa forma e é por esta razão que podemos dizer seguramente que educar na atualidade não é tarefa fácil. Nesse contexto, sem dúvidas, a escola passa a ter um papel mais que fundamental no sentido de estimular os jovens a amadurecerem adequadamente, sobretudo, de redefinir papéis, funções e expectativas. Somente quando as pessoas forem assumidas em sua integralidade, é que estaremos assumindo a tarefa de educá-las verdadeiramente. Os jovens precisam de muito mais do que apenas assimilar as regras que são ditadas. É necessário que eles tenham a consciência do por que elas existem, caso contrário, quando as circunstâncias mudarem é bem provável que eles também mudem considerando que a ação não é inspirada no princípio, mas na mera informação sobre como proceder em uma situação específica. A humanidade precisa de uma escola mais sensível e mais atenta às necessidades atuais. Uma escola, quem sabe, com o poder de adicionar o que os dias atuais oferecem, aos padrões antigos e esquecidos, que durante muito tempo trouxeram resultados satisfatórios e eficientes.

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